A América Latina está se posicionando como importante bloco econômico, frente a Comunidade Européia. No entanto, sua posição não é tão privilegiada como de alguns países do Oriente Médio, que possuem o grande ouro negro, o petróleo. Por quê?

Ivan Oliveira (Graduação, Geografia, UFV)

A América Latina sempre se viu renegada a segundo plano no âmbito das relações internacionais, seja pela imposição dos países mais poderosos em seus projetos de controle global, ou pela opção política dos próprios governantes latino-americanos, que subservientes aos interesses das grandes potências atendem aos desejos de uma elite histórica nas nações que governam, que se ocupa do poder desde a época do descobrimento. Além do mais, por ser uma região de pouca estratégia no contexto político mundial, a América Latina diminui ainda mais de importância, principalmente se comparada a regiões como o Oriente Médio, Sudeste Asiático e Leste Europeu. Nestas regiões, motivada por interesses econômicos, as potências globais mantêm uma presença efetiva, com ajuda econômica e industrial em larga escala e também uma presença militar ativa, muitas vezes por ocupação e dominação de áreas estratégicas para a dissuasão político-militar no globo.

Por uma falta de objetivos bem definidos e estruturados, a política de relações exteriores tem se mostrado desastrosa para a maioria dos países latino-americanos, especialmente o Brasil, que sendo reconhecidamente uma potência emergente, não consegue se impor como voz ativa nas questões internacionais.

Sem clareza nos seus ideais, a América Latina oscila entre o poder dos Estados Unidos da América e da Europa, que numa discordância de faz de contas, repartem entre si os lucros das transações comerciais vantajosas que realizam com os países agro-exportadores latinos, além de permitir o controle político exclusivo na região.

A criação de blocos econômicos, em especial o Mercosul, são tentativas de se fazer frente ao poderosos blocos econômicos que se instalam em várias partes do globo, principalmente na Europa. O Mercosul ainda se encontra perdido nas intrincadas relações dentro do seu próprio espaço territorial, tendo em vista que a disparidade econômica e social entre seus membros é enorme e as negociações se perdem em entraves diplomáticos e protecionismos comerciais. A criação destes blocos na América Latina, mais do integrar a região, busca melhorar as relações na hora de negociar com outros blocos, pelo aumento do peso econômico e político.

A ALCA, que talvez fosse uma solução para a unidade do continente caminha a passos lentos, motivadas pelas antigas desconfianças e obscuridades em relação às reais intenções norte-americanas, e ainda pela falta de poder de negociação entre os demais países latinos.

Muitos países têm procurado negociar em separado com outros blocos econômicos, o que enfraquece ainda mais a região. Outro fator de grande relevância, é que não existe de fato uma “unidade latina” realmente constituída entre os países, principalmente em relação ao Brasil, visto com grande desconfiança por praticamente todos os demais países de origem latina do continente. Portanto, falta a América Latina primeiramente se construir como unidade, como um povo que possui características comuns que possibilitem a sua união, como região que possui grandes reservas de recursos minerais, especialmente o ouro do futuro; ÁGUA, e então se fazer presente nas decisões sociais, econômicas e até militares que envolvam o futuro do planeta e da humanidade.