Moda, futilidade ou utilidade?

Larissa Lacerda Camargos
Jornalista graduada pela Universidade Federal de Viçosa

 

A palavra moda vem de mode, do francês e modu, do latim e ambas significam modo, maneira. É, em primeiro lugar, uma forma de comunicação, de expressão de atitudes, idéias, estilo e comportamento. Ainda que não possamos perceber, a maneira como agimos e nossa posição perante a sociedade são transmitidas pela moda. Ao usar uma simples blusa branca e uma calça jeans já estamos dizendo algo, por mais simples e corriqueiras que pareçam essas peças do vestuário.

            As pessoas costumam relembrar peças que marcaram época, mas desconhecem como e de onde surgiram os estilos que fizeram e fazem sucesso. As tendências nascem a partir da escolha dos tecidos. Com dois anos de antecedência, já se sabe que cores e materiais estarão mais disponíveis na natureza e no mercado. A partir daí, os estilistas, pesquisadores e também cientistas escolhem os temas mais propícios a cada estação.

            É necessário esclarecer que a moda é um fenômeno sócio-cultural bastante amplo que expressa o contexto político e sociológico de uma época. Temos como exemplo o estilo hippie, utilizado como forma de protesto contra o sistema governamental vigente nos anos 1960 e 1970.

            A moda não significa exclusivamente alta-costura e estilistas famosos. Estilismo e design são elementos que complementam o conceito da moda, além de servirem como forma de expressões artísticas.

            A última coleção de inverno dos famosos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana é inspirada na Revolução Francesa do século XVIII e relembra a história através de botas, jaquetas, calças, cintos e vestidos que revivem a doçura e feminilidade de Josefina, além da pompa e confiança do memorável general francês Napoleão Bonaparte. As peças produzidas por Dolce e Gabbana são uma forma de arte, assim como a música, a arquitetura e as artes plásticas.

            Para se entender o caleidoscópio composto por peças clássicas associadas às extravagantes e por tendências épicas associadas às modernas, as mentes precisam estar abertas aos trabalhos dos estilistas. Engana-se quem pensa que vestir-se bem é sinônimo de alta-costura, pois o mundo das tendências e da criatividade engloba desde os famosos estilistas da Itália até os artesãos do nordeste brasileiro. Buscar um estilo próprio em roupas que lhe caem bem e que são confortáveis é a melhor maneira de fazer o uso correto das tendências lançadas a cada estação.

            O uso de roupas e acessórios significa muito mais do que artifícios de figurino, são resultado do jeito de ser de cada indivíduo. Se importar com tendências e ajustá-las ao seu gosto e estilo não significa necessariamente se escravizar ao culto da estética e da beleza ou ser fútil, uma vez que a verdadeira essência da moda é ser original e transmitir personalidade.