O renascer da liberdade:

a eleição de Barack Obama

 

 

Leandro Pereira Gonçalves

Doutorando em História (PUC-SP)

 

 

O dia 20 de janeiro do ano de 2009 já pode ser considerado histórico, devido à posse do primeiro presidente negro da maior potência mundial. Ao assumir a presidência dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama II nos coloca uma série de dúvidas, questionamentos e ao mesmo tempo a famosa esperança!

Em seu belo e otimista discurso de posse, Obama remeteu as palavras do Presidente Lula no ano de 2002 em sua primeira entrevista depois de confirmada a sua eleição, disse que o Brasil está mudando país e que a esperança venceu o medo. Obama disse: como“Neste dia nós nos unimos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objetivo, e não o conflito e a discórdia.”

Ficaremos com a esperança. Não sabemos ainda qual a tonalidade desse novo governo, os primeiros meses de mandato são uma incógnita não oferecem ao analista uma verdadeira imagem do governo Obama. Sabemos que mudança haverá. Logo no primeiro momento como presidente, decreta medidas até então impensadas como: a suspensão dos processos dos presos de Guantánamo, prometendo um governo com ética e austeridade, chegando a conseguir elogios do líder máximo de Cuba Raúl Castro, dizendo que o novo líder parece ser um bom homem.

O fato de chegar à presidência é sem duvida um fato histórico. Somente em 1964, o então presidente Lyndon Johnson aprovou a lei de direitos civis que vale até hoje nos EUA. A lei proibia a discriminação em lugares públicos e autorizava o governo dos EUA a processar qualquer estado que promovesse a segregação racial. Desde então, os negros conseguiram uma ascensão política e alcançaram em 2009 o posto de maior poder no mundo, superando as expectativas de Monteiro Lobato, que no livro O Presidente Negro previu que em 2228 um negro iria assumir o poder nos EUA.

Mas, para chegar a essa posição não foi nada fácil para os negros dos EUA que sempre tiveram ao seu lado uma discriminação intensa. O ponto máximo para o fim desses atos teve início no ano de 1955, quando na cidade de Montgomery, capital do Alabama uma costureira chamada Rosa Parks tomou uma atitude inusitada. No ano de 1955, no Alabama, ainda valia a separação de negros e brancos nos assentos de ônibus. Ao voltar do trabalho, Rosa deveria ter se levantado para ceder lugar a um branco, mas ela se recusou e acabou presa. A partir desse ato, uma série de movimentos civis foram iniciados contra a segregação racial, tendo destaque para o grande líder desse movimento: Martin Luther King que disse em seu famoso discurso em 1963 na cidade de Washington: “Tenho um sonho que meus quatro filhos viverão, um dia, em um país onde não sejam julgados pela cor de sua pele, e sim por seu caráter”.

Nos primeiros meses ficou visível para Obama que o processo político não é simples, mas é preciso dar crédito, pois assim como “o cara” a esperança tem que ser colocada à frente. O sonho virou realidade, na mesma cidade em que o apelo do pastor Luther King foi feito, tomou posse o Presidente Negro. Torçamos para que suas atitudes e medidas sejam inspiradas por Rosa Parks para que assim a liberdade seja plena.