O
nosso devaneio sugere a maior calma, enquanto a TV demonstra seus produtos
revolucionários, que tem mil e uma utilidades, que parcela em trinta
e seis vezes, (ninguém nunca sabe o valor da parcela), ou faz alguma
espécie de leilão do menor lance, que ninguém faz idéia como funciona
realmente e se é idôneo, mas vale arriscar, quem sabe? “trimmmm”, ou
seja lá a onomatopéia de um despertador, mas será que ninguém pensa?
O que falta acontecer para alguém inventar de explodir alguma espécie
de jujuba atômica com o desenho do Tio Sam, e mandar todo mundo as favas?
É o seguinte: o sonho de Liberté,
Égalité, Fraternité ou qualquer espécie de papo-furado não existe mais,
se é que um dia ele realmente existiu, o resto é conversa para general
e banqueiro. Afinal, quem não sabe que o mundo está louco? Pai mata
filha, filha mata pai, uma bomba mata milhares, alguns se matam, assim
vamos indo.
Caso Isabella
Nardoni para alguns ficou virou uma espécie de Big Brother, claro que
sem fazer o telefonema para decidir quem se ferra, mesmo porque acho
que todo mundo votaria no óbvio. Casos assim, ainda mais quando passam
de duas semanas me deixam sem paciência, claro que foi uma barbárie,
do mesmo jeito, creio que aquela menina estuprada e esquartejada aos
nove anos foi também, ou os bebês que são jogados em algum rio, cartões
corporativos entre outras que acontecem todos os dias, estamos acostumados
a essas noticias, não entendo porque algumas duram meia coluna de jornal,
20 segundos no jornal nacional e outras ficam quase que o dia todo nos
marretando a mesma informação, e o que me deixa mais frustrado é basicamente
a lei numero um da comunicação de massa, “o povo só consegue pensar
em uma coisa de cada vez”, Isabella está aí desde 29 de março, quero
dizer nas entrelinhas que, o povo pensa em Isabella há quase dois meses,
creio que não exista nenhuma CPI na política, nenhuma votação importante,
a economia vai de vento em popa, não existem mais conflitos no mundo
e acabou a fome na África, se o preço dessa falsa amenidade é atirar
uma criança do sexto andar, até que o custo-benefício é atraente. Pena
ser um efeito fictício demais, por favor, nos “informem” sobre política,
há três semanas votaram sobre a equidade de reajuste das aposentadorias
no senado, e iria para votação na câmara dos deputados, apesar de eu
estar longe da aposentadoria, creio ser algo de interesse comum, agora
me sinto desinformado, obviamente que não pela Isabella, que sei mais
do que deveria, mas pela política onde, sempre somos insuficientemente
informados.
Já repararam a semelhança entre
política e novela das oito? Vamos supor que 70% da população é assídua
telespectadora da novela do “horário nobre”, todos assistem às novelas,
por mais que já saibam que todas as novelas vão terminar bem, com todos
casados tendo filhos, em suma, sempre os mesmos atores e uma história
parecida. Na política, muitos mandatos, reeleições, os mesmos políticos
e pouca coisa muda, ou nada. A dupla coincidência que é alem de terem
esse caráter repetitivo, nós ficamos anestesiados, assistindo a esse
ciclo.
Nada contra as novelas e quem
as assistem, reconheço que elas têm a sua qualidade, mas, por favor,
“mídia” me informe sobre assuntos coletivos, as barbáries eu sei que
acontecem todos os dias nesse mundo louco mesmo. Por favor, telespectadores
de novela ou não, não fiquem vendo essa palhaçada na política sem no
mínimo mandar um e-mail para cobrar quem ganhou seu voto, é o mínimo
que devíamos pensar em democracia, Do jeito que as coisas andam, se
alguém me perguntasse hoje: Qual a diferença entre Democracia e Totalitarismo?
Responderia como Charles Bukowski que de forma cética diz que: “na Democracia
a gente vota e depois cumpre ordens, ao passo que na outra não é preciso
perder tempo com eleições”. Espero que alguns de meus leitores venham
me ajudar a mudar essa concepção.