Editorial – Edição 15

 

Editorial: Narrativas e identidades na cibercultura

Ana Paula Gomes Nunes, Daniele da Silva Benicio, Lucia Helena da Silva Joviano, Ana Maria Dietrich
Organizadores edição 15

 

A Revista Contemporâneos chega à sua décima quinta edição, o que é motivo de orgulho de toda equipe envolvida no projeto ao longo dos anos.  Para este momento, optamos por discutir as continuidades e descontinuidades provocadas pela nossa imersão cada vez mais definitiva na cibercultura.

A forma de produzir e disseminar informações mudou muito desde o advento da Web 2.0. Com as redes sociais digitais, dividimos nossas vidas, momentos e opiniões em questões de segundos. Existem estudos que vão além e consideram que nosso cérebro e capacidade de aprender também são modificados com o bombardeio diário de informações que recebemos.

Nesta edição, apresentamos 5 artigos que abordam os dilemas da cultura e da informação na internet sob diferentes óticas. Um sinal de que é preciso reconhecer o potencial interdisciplinar das atuais discussões sobre o papel da mídia, das artes e dos sujeitos envolvidos nas constantes mudanças sociais provocadas pela tecnologia

Inaugurando o dossiê temos o artigo O Pop não poupa a História: Como os videogames interpretam o passado a serviço da globalização cultural – reflexões sobre minha experiência com Call of Duty: Black Ops (2010) e Wolfenstein: New Order (2014) do doutorando em História pela Universidade Federal de Uberlândia, Mariano de Azevedo Júnior. Mariano reflete sobre as formas como a indústria de videogames por meio de descrições de acontecimentos, conceitos e contextos históricos tem visto uma maneira eficaz de reforçar os discursos dominantes de uma determinada concepção de história, servindo aos propósitos da “globalização cultural”.

O artigo da mestra em Comunicação e Sociedades pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Flávia Cadinelli Cruzeiro, Identidade e Imagem Organizacionais no contexto do Facebook, investiga como a rede social demanda nova postura das instituições para se destacarem e manterem o alinhamento com suas identidades.

Em Lugares de memória em mídias digitais: a narrativa reapresentada, artigo da doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo, Sônia Barreto de Novaes, demonstra a partir da narrativa transversal as possibilidades de intervir no meio e favorecer o desenvolvimento da memória coletiva da vila de Batatuba-SP, a partir do uso intensivo do Facebook associado a outras mídias digitais.

Em A difusão da cultura terapêutica no jornalismo digital: um estudo de caso sobre o Brasil Post, Henrique Mazetti, doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, Caroline Bacelar, graduada no curso de Comunicação Social/Jornalismo pela UFV, buscam identificar como o Brasil Post incorpora em suas escolhas editoriais o jornalismo de autoajuda.

Ainda como parte do dossiê, Diogo Carvalho, mestre em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia, em seu artigo Dilemas e obrigações da história digital e da sociologia digital relacionadas à coleta massiva de dados na internet aborda como a história e a sociologia desenvolveram campos de análises específicos para lidar com o fenômeno de produção massiva de dados e nesse contexto os limites éticos e geopolíticos que influenciam a arquitetura do espaço virtual destinado a produção e a coleta de dados.

Completar a esse número, o leitor encontrará duas entrevistas e uma resenha. A Seção Entrevista, coordenada e organizada pela Doutora Lucia Helena da Silva Joviano (UFJF-MG) conta com a entrevista a Luís Cláudio Costa Fajardo, doutor em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora.  Luís Cláudio fala sobre ciberliteratura, a importância da Internet para ampliação do universo literário digital e outros assuntos instigantes.

A segunda entrevista foi realizada por Luiz Henrique Portela Faria entrevistando Luís Gustavo Mendes, discente em Engenharia de Gestão pela UFABC que foi arte-educador do Projeto Batuclagem em 2011. Nesta entrevista, Luís Gustavo conta como foi sua experiência transformadora de atuação no projeto de arte-educação Batuclagem.

A Seção Resenha, traz a contribuição dos discentes do Bacharelado de Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC, Francisco Douglas Santos Gonçalves, Gabriela Lima, Gustavo Duarte, Jonathan Ribeiro Gregório e Priscila Macedo, coordenados pela professora doutora Ana Maria Dietrich, com a resenha do filme Branco sai, Preto fica, discutindo a atual situação da população negra no Brasil.

Nesta edição, há ainda textos na Seção Artigos Independentes abordando diferentes temáticas. O artigo Educação e comunicação: convergência necessária nos movimentos sociais de Flávia Pereira Dias Menezes, mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa, este trabalho aborda a importância da comunicação como ferramenta estratégica para os movimentos sociais e sua contribuição na ampliação do caráter educativo em torno do exercício da cidadania.

Jacobina é uma cidade baiana localizada geograficamente na região centro-norte do estado e ambienta o tema do artigo História, literatura e cidade: a visão literária de Humberto Soares e Silva sobre a “origem” de Jacobina (1969). O autor, Edson Silva, mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande, analisa a produção do escritor jacobinense Humberto Soares e Silva, onde narra a história da origem de Jacobina.

Os alunos do Bacharelado em Ciência e Humanidades da Universidade Federal do ABC, João Victor Dalla Pola, Julia Uehara, Juliana Chaveiro, Richard Matsuo de Brum e Victória Menezes, orientados pela professora pós doutora Ana Maria Dietrich, relatam em seu artigo Aldeia Indigena Aguapeú em Mongaguá: um trabalho de observação sobre identidades e culturas, sobre a cultura, costumes, crenças, tradições e peculiaridades desse povo.

Em Direitos Humanos em Poesias de Marcela Boni Evangelista, doutoranda em História Oral pela Universidade de São Paulo e Vanessa Paola Rojas Fernandez, doutoranda em Gerontologia pela Universidade de Campinas, apresentam algumas poesias que abordam temas relacionados aos direitos humanos, declamadas no Sarau Cultural ocorrido durante o 3º Encontro presencial do Curso de Aperfeiçoamento Educação em Direitos Humanos.

A arte da tatuagem é tema do trabalho de Fernando Lucas Garcia Souza, mestrando em História pela Universidade Federal da Grande Dourados. No artigo A questão da ressignificação cultural da tatuagem, Fernando propõe a reflexão acerca da questão da ressignificação cultural da tatuagem no Brasil.

Para completar a Seção de Artigos Independentes temos a contribuição das doutorandas em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, Sandra Moraes da Silva Cardozo e Ana Luiza Salgado Cunha, e, do doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, Edgar Pereira Coelho, é o artigo Uma abordagem inicial sobre Paulo Freire e o existencialismo cristão que apresenta os conceitos de diálogo e dialogicidade, consciência e conscientização e educação a partir das obras Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Esperança de Paulo Freire.

Espera-se que os diálogos e debates aqui propostos contribuam para que os leitores dessa revista reflitam sobre essa temática tão contemporânea e instigante.